Claudia Raia volta á cena no novo musical Pernas Pro Ar

Posted sábado, março 27, 2010 by Fernanda Borge Gabriel


Foi depois de um sonho que a atriz Cláudia Raia decidiu reunir todas as forças para criar o musical Pernas pro ar, atração deste fim de semana no Grande Teatro do Palácio das Artes. “Sonhei que estava dentro de uma caixa, andando e falando várias coisas sobre o universo feminino.” Quando acordou, ela sentiu que aquilo poderia ser o sinal para a montagem de um espetáculo. Convidou amigos como o escritor Luís Fernando Veríssimo, para propor o argumento; Marcelo Saback, para escrever o texto; e Cacá Carvalho, para dirigir. E assim tudo começou.

Veja fotos do musical Pernas pro ar

A intenção, desde o início, foi abordar a vida de uma mulher comum e, por meio dessa personagem, tratar de temas como a mesmice, a vida cotidiana, a repetição. “Queria falar das mulheres que não necessariamente são felizes, que mantêm um casamento falido, suportando rotina sem emoções e aventuras”, explica a atriz. A personagem Helô, interpretada por ela, nasceu desse desejo. Depois de ter dito a Veríssimo o que imaginava, ele criou a história de uma mulher que sonha ter seu corpo invadido por um grupo de pessoas, inclusive o diabo. “Ela se torna outra da cintura para cima e se assusta com tudo aquilo. Embaixo, as pernas adquirem vida própria”, conta Cláudia.

A montagem chega ao público em ritmo de superprodução. “É um espetáculo muito puxado em termos vocais e físicos. São 10 pessoas no elenco e uma equipe de 51 pessoas nos bastidores.” A produção tem números grandiosos: cerca de 20 toneladas de equipamentos. “Criamos tudo para o espetáculo ser itinerante. Não viajamos com nenhuma peça a menos.” O mais complicado foi reproduzir a atmosfera onírica no palco. Para tanto, valeram-se de recursos tecnológicos criados pela empresa mineira Coddart, estúdio de criação de design. A atriz os procurou para produzir grandes imagens distorcidas, projetadas nos objetos de cena sem vazar nas laterais. “A sensação é de algo volumétrico, quase um 3D”, explica. O efeito funciona como se os atores estivessem dentro do cenário.

HAJA PREPARAÇÃO

Pernas pro ar chega a Belo Horizonte depois de passar por São Paulo, Recife, Rio, Porto Alegre, Brasília e Florianópolis. Em cena, a dona de casa Helô canta e dança a aventura de mudar de vida, interpretando grandes sucessos da música mundial. Enquanto sonha, a personagem experimenta encontros e situações inusitadas. Na academia de ginástica é atirada a um ringue de boxe para lutar com sensuais corpos masculinos. Seu quarto é invadido por motoristas. O mais difícil foi conceber um argumento consistente para a montagem. “Tem que ter conteúdo, senão a tecnologia, por si só, não sobrevive. A dramaturgia tem de continuar sendo contada, mesmo quando se dança e canta,” ela afirma.

O gênero musical é algo que exige preparação extra do elenco. “Passamos por um processo exaustivo. Foram oito horas por dia, durante três meses”, lembra Cláudia, que está bem acompanhada no palco. O elenco conta com as participações dos atores Marcus Tumura e Ruben Gabira, além de nove atores-bailarinos. Sete músicos executam a trilha ao vivo, sob a regência e a direção musical de Paulo Nogueira, para as versões realizadas por Bibi Ferreira, Sylvia Massari, Zé Rodrix e Cláudio Botelho. “A proposta foi trazer trilhas americanas, porque não temos essa cultura por aqui. Nos inspiramos nos musicais da Broadway e nas big bands”, conta a atriz, que foi uma das incentivadoras da retomada do gênero no Brasil.

Cláudia Raia se lembra de quando começaram a aparecer musicais no país. Era o início dos anos 1990 e, àquela altura, as referências eram o extinto teatro de revista. Na época, ela montou Não fuja da Raia. Daí em diante, não parou mais. “Era impossível não haver algo do gênero por aqui. Insistimos e acabou acontecendo.”

O que não pode faltar em propostas desse tipo é a comunicação com o público. “Nesse espetáculo, isso ocorre em três fases: na dramaturgia, que passeia pela dança e pelo canto. A maior dificuldade é a história ser contada, ao mesmo tempo em que é cantada e dançada. Não podemos interromper uma cena para cantar ou dançar. A história tem que se desenvolver em conjunto.” O espetáculo aposta muito no visual. Os figurinos concebidos por Márcio Medina foram realizados com materiais diferenciados. Helô veste roupas de papel, plástico e couro. A intenção é criar impacto todas as vezes em que ela aparece. Já os bailarinos, usam ternos feitos com tecido leve, voil.

EFEITOS ESPECIAIS O CENÁRIO FUTURISTA DO ESPETÁCULO

Pernas pro ar, idealizado pela empresa mineira Coddart, traz recursos tecnológicos inéditos em montagem brasileira. Os efeitos auxiliam na “mágica” que transforma os sonhos da protagonista Hêlo, em realidade. Estrategicamente dispostos em todo o palco, sensores, câmeras,

12 computadores e nove projetores – controlados por softwares especificamente desenhados para o show – representam a tecnologia a serviço do talento e da emoção, como em uma cena em que a personagem gosta de um vestido na vitrine, imediatamente projetado no corpo dela.


PERNAS PRO AR
Espetáculo com Claudia Raia. Sexta e sábado, às 21h; domingo, às 19h, no Grande Teatro do Palácio das Artes, Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro. Ingressos: R$ 40 a R$ 120. Classificação: 14 anos. Assinantes do Estado de Minas e/ou do portal Uai têm 30% de desconto na compra de até quatro ingressos. Informações: (31) 3236-7400.

Fonte:Diverta-se Uai

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